Uma das mais destacadas líderes norte-rio-grandenses de todos os tempos, Luíza Alzira Teixeira Soriano nasceu em Jardim de Angicos, RN, em 1896, e faleceu em Natal, em 1963.
Fez apenas o curso básico, mas doutorou-se na vida, engajando-se em movimentos minoritários, participando da carreira política do seu pai, o coronel Miguel Teixeira de Vasconcelos, e acompanhando de perto o trabalho do marido, o promotor Thomaz Soriano de Souza Filho, de quem ficou viúva aos 22 anos de idade.
Numa época em que a emancipação feminina na política era conquistada em poucos países do mundo, um pequeno estado do Nordeste brasileiro proporcionou, através de sua Constituição sancionada pelo governador José Augusto Bezerra de Medeiros, o direito à mulher de votar e ser votada. Com base na Constituição Estadual de 1891, então vigente, e respaldando-se no argumento de que competiria ao estado-membro legislar sobre direito eleitoral, o artigo 77 da Lei nº 660, de 25 de outubro de 1927, determinava: “No Rio Grande do Norte, poderão votar e ser votados, sem distinção de sexo, todos os cidadãos que reunirem condições exigidas por esta lei.” Com o apoio do então senador Juvenal Lamartine, grande defensor das causas feministas, houve uma mobilização para inscrever eleitoras e candidatas a cargos eletivos. Surgiram então mulheres ousadas par aos padrões culturais da época, com total capacidade para exercer mandatos, dentre as quais se destacava Alzira Soriano. Ao assumir, em 1929, a prefeitura de Lajes, RN, Alzira Soriano tornou-se a primeira prefeita do Rio Grande do Norte, e também a primeira do Brasil e da América do Sul. Mulher bonita, decidida, de inteligência privilegiada e temperamento forte, Alzira marcou sua administração pelo pioneirismo da gestão feminina e por aspectos inovadores. Uma de suas primeiras ações como prefeita foi convocar intelectuais do estado para formar um quadro de secretários que a ajudasse em projetos de educação, saúde, urbanização e construção de estradas.
A revolução de 30, que aboliu os cargos de prefeito, retirou-a da prefeitura de Lajes, mas seus líderes lhe propuseram a continuidade na administração, como interventora municipal. Com a dignidade que sempre a caracterizou, Alzira Soriano recusou a oferta. Somente em 1945 ela voltaria à vida pública, candidatando-se à vereadora em Lajes. Foi eleita três vezes consecutivas e, liderando a bancada da UDN, chegou à presidência da Câmara por mais de uma vez.
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